20230418 logo quintal da prosa-02
WhatsApp-Image-2024-08-06-at-09.50.52

As raízes que floresceram no Quintal da Prosa

Nossa história é profundamente entrelaçada com a trajetória de vida de Arnaldo Ceruks. Suas memórias remontam à chegada de seus pais ao Brasil, em 1946, fugindo do cenário de guerra na Letônia e em busca de um novo começo. Foi nesse solo estrangeiro que a família Ceruks encontrou seu refúgio.

A ideia de criar uma pousada com jeito de casa de campo surgiu mais tarde. Gustavo, que estudou turismo, hotelaria e gastronomia, viu com seus pais a oportunidade de unir paixões e trazer à tona as raízes da história da família. Foi Gustavo quem insistiu em se instalar nas montanhas de São Francisco Xavier, já sabendo das crescentes possibilidades turísticas da cidade.

O início

Arnaldo, Gustavo e a família encontraram um antigo sítio, há poucos quilômetros do centro, uma bela vista para o Pico da Onça e margeado pelo Rio Manso. A casa sede foi ampliada e reformada, deixando a luz entrar e tornando-a ainda mais acolhedora. As centenárias mangueiras deram sombra ao novo redário com vista ao pôr-do-sol, ao som da fonte de antigos azulejos azuis. Cada canto foi visto com o carinho de um lar de portas abertas para quem quiser chegar para um café.

A graça de um quintal

O conceito era claro: criar um quintal, que apesar de remeter às quintas europeias, mantivesse uma identidade própria. “Aqui não é quinta, aqui é quintal”, diz Sandra Ceruks, sócia da pousada, explicando a escolha do nome que carrega uma conexão afetiva com as raízes brasileiras.

Um dedo de Prosa

Sandra, ainda relembra que, sendo a prosa um gênero literário, as acomodações receberam os nomes Cecilia Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa e Mário Quintana. A ideia, explica ela, era relembrar que mais que um belo local, o que mais importam são as conversas e histórias que acontecem ali.

“A ideia de prosa, tanto como gênero literário como uma forma de interação casual e despretensiosa, está profundamente enraizada no ambiente da pousada”, continua Sandra. “Essa coisa informal, né? Remete muito à memória de conversar no quintal da fazenda, de não ter nada o que fazer”, reflete com um sorriso.

A proposta do Quintal da Prosa é exatamente este: um lugar onde o objetivo principal é, paradoxalmente, não ter um objetivo. “O que você vai fazer em São Francisco Xavier?” questiona Sandra, ecoando o pensamento de muitos visitantes. “Bom, você pode não fazer nada!”. Além das trilhas, cachoeiras, restaurantes, cafés e passeios ecológicos que São Francisco Xavier oferece, relembramos que, por vezes, tudo o que precisamos é realmente não fazer nada.

Quintal da Prosa

O nome “Quintal da Prosa” foi escolhido para refletir a simplicidade e o acolhimento que queremos transmitir, além de homenagear o festival literário que acontecia na cidade.

Arnaldo, com sua paixão pela carpintaria, construiu muitos dos móveis, utilizando madeira de sua fazenda em Monteiro Lobato. ” As madeiras e os dormentes que você vê aqui foram feitos por mim”, diz com orgulho, destacando como cada detalhe foi pensado para valorizar o ambiente.

Ao caminhar pelos espaços cuidadosamente preservados, sente-se algo diferente no ar. Sandra nos conta que a Pousada é um reflexo direto das contribuições de cada membro da família. O piano na sala, pertence à pianista da casa assim como o violoncelo, ao violoncelista. E assim, pouco a pouco, cada canto foi ganhando vida, envolto na vibração que só o amor genuíno pode gerar.

Esse sentimento não passa despercebido aos olhos dos visitantes. Muitos chegam à pousada em busca de algo indefinido, mas, ao cruzarem o portão, sentem que encontraram o que procuravam. ” as pessoas chegam aqui e dizem: “Esse lugar é diferente “, “Aqui tem uma energia especial”, conta Sandra. É essa conexão que faz com que muitos hóspedes voltem ano após ano, transformando a pousada em sua casa de campo particular.

WhatsApp-Image-2024-08-06-at-09.50.55

Passando por Gerações

A pousada está sob a administração de Gustavo Ceruks, filho do casal Sandra e Arnaldo. Gustavo com simpatia e experiência adquirida na área de hotelaria, trouxe novas perspectivas que contribuíram para o crescimento do empreendimento. Por exemplo, há dias em que Gustavo recebe seus hóspedes para um jantar especial na Casa Sede. ” É uma noite diferente, onde temos a oportunidade de conhecer os nossos hóspedes e prosear”, declara.

No Quintal

Aqui, três árvores exóticas se destacam, guardando histórias e segredos que datam de tempos antigos. Quando a nossa família adquiriu a propriedade, as enormes árvores já estavam lá, silenciosas testemunhas do passado. Arnaldo acredita que as espécies, centenárias e não pertencentes à flora brasileira, foram trazidas possivelmente durante o Império, em um período em que muitas plantas exóticas chegavam ao Brasil, como aconteceu com a coleção do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

A “maçã de elefante” ou ” flor de abril”, nome popular da espécie Dillenia indica, não é venenosa, mas é difícil consumir devido à sua acidez que “amarra a boca”, como descreve Arnaldo. Apesar do amargor, o fruto possui conhecidas propriedades fitoterápicas, especialmente no alívio de dores nas articulações. Uma solução caseira logo foi usada como um aliado da família.

O Quintal da Prosa sempre foi um lugar de acolhimento. Fazemos questão de sublinhar que é um espaço inclusivo, onde todos são bem-vindos. “O amor constrói tudo”, afirma Sandra. E é essa convicção que sustenta a nossa essência: a paz e a tradição se entrelaçam para criar um refúgio verdadeiramente especial.

Texto adaptado da reportagem “São Francisco Xavier: A Pousada Quintal da Prosa, onde a tua alma repousa” da nomoremag

Abrir WhatsApp
Olá 👋
Como posso te ajudar?